Como é a recuperação após uma luxação no quadril? Etapas e cuidados essenciais

recuperação após uma luxação no quadril

A luxação do quadril é uma das lesões mais graves que podem afetar a articulação entre o fêmur e o osso do quadril.

Embora seja relativamente rara, ela exige atendimento médico imediato e um processo de reabilitação cuidadoso para garantir uma recuperação completa e prevenir sequelas.

Neste artigo, você vai entender o que é a luxação do quadril, suas principais causas, como é feito o tratamento e o que esperar da recuperação.

O que é uma luxação no quadril

O quadril é uma articulação do tipo esferoidal, formada pela cabeça do fêmur (a “bola”) e o acetábulo, que é a cavidade na pelve que serve como encaixe.

Quando ocorre uma luxação, essa cabeça do fêmur sai do acetábulo, perdendo completamente o contato entre as duas superfícies ósseas.

Essa perda de congruência articular provoca dor intensa, limitação total dos movimentos e risco de danos a estruturas importantes — como nervos, vasos sanguíneos e cartilagens. É uma situação de urgência ortopédica.

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Causas mais comuns da luxação do quadril

As causas da luxação podem variar conforme a idade e o contexto do trauma. Em adultos, geralmente estão relacionadas a acidentes de alta energia, enquanto em idosos e atletas podem ocorrer por quedas ou impactos esportivos.

Entre as principais causas estão:

  • Acidentes automobilísticos: impacto direto nos joelhos, com o quadril flexionado, pode deslocar a cabeça do fêmur para trás (luxação posterior);
  • Quedas de altura ou acidentes esportivos: comuns em esportes de contato ou alto impacto, como futebol, basquete e ciclismo;
  • Quedas em idosos: especialmente em pessoas com osteoporose ou fraqueza muscular;
  • Luxações congênitas: em casos raros, podem ocorrer em bebês devido a má-formação articular (displasia do desenvolvimento do quadril).

O que acontece após o trauma

Logo após a luxação, o paciente sente dor intensa, incapacidade de apoiar a perna e deformidade visível na região do quadril. Na maioria das vezes, há encurtamento e rotação anormal do membro afetado.

Além do deslocamento ósseo, o impacto pode causar lesões associadas, como fraturas do acetábulo, rupturas de ligamentos, compressão do nervo ciático e danos à vascularização da cabeça femoral — o que aumenta o risco de complicações, como a necrose avascular.

Por isso, o atendimento imediato é essencial para reposicionar a articulação e evitar sequelas permanentes.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico é clínico e radiológico. O ortopedista realiza a avaliação física, observando deformidades e mobilidade da articulação, e confirma o diagnóstico com exames de imagem — geralmente radiografia do quadril e, em alguns casos, tomografia computadorizada para avaliar fraturas associadas.

Tratamento: a redução da luxação

O tratamento inicial da luxação do quadril consiste na redução articular, ou seja, recolocar a cabeça do fêmur no acetábulo.

Esse procedimento deve ser feito o mais rápido possível, preferencialmente nas primeiras 6 horas após o trauma, para minimizar o risco de necrose óssea.

Existem dois tipos principais de redução:

  • Redução fechada: realizada sob anestesia ou sedação, sem necessidade de cirurgia. O médico utiliza manobras específicas para recolocar o fêmur na posição correta.
  • Redução aberta: indicada quando há fraturas associadas ou falha na redução fechada. Nesse caso, é feita uma cirurgia para reposicionar as estruturas de forma segura.

Após a redução, o paciente é submetido a novas radiografias para confirmar o alinhamento da articulação e descartar fragmentos ósseos intra-articulares.

Imobilização e cuidados iniciais

Após a redução, o quadril precisa de um período de imobilização para permitir a cicatrização das estruturas lesionadas. Esse tempo pode variar conforme a gravidade da lesão e o tipo de luxação (anterior ou posterior), mas geralmente envolve:

  • Imobilização parcial com uso de muletas e restrição de apoio por cerca de 4 a 6 semanas;
  • Evitar movimentos de flexão e rotação do quadril nas primeiras semanas;
  • Analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor e do edema;
  • Fisioterapia precoce, iniciada de forma leve para manter o tônus muscular e evitar rigidez.

Durante essa fase, o repouso é importante, mas o paciente não deve permanecer completamente imóvel — o movimento controlado auxilia na recuperação e previne complicações como trombose venosa profunda.

Reabilitação e fisioterapia

A fisioterapia é parte essencial do processo de recuperação após uma luxação no quadril. O foco é restaurar a mobilidade, a força muscular e o equilíbrio articular, além de prevenir recidivas.

A reabilitação costuma seguir três fases principais:

  1. Fase inicial (semanas 1 a 4):
    • Exercícios leves de mobilidade passiva;
    • Alongamentos suaves;
    • Controle da dor e do inchaço.
  2. Fase intermediária (semanas 4 a 8):
    • Fortalecimento progressivo de glúteos, quadríceps e core;
    • Treino de marcha com apoio gradual;
    • Exercícios proprioceptivos para recuperar equilíbrio e coordenação.
  3. Fase avançada (a partir da 8ª semana):
    • Retorno gradual às atividades físicas leves;
    • Reeducação postural e de movimento;
    • Planejamento para retomada de esportes (em casos específicos).

A recuperação completa pode levar de 3 a 6 meses, dependendo da gravidade da lesão, da idade do paciente e da presença de fraturas associadas.

Complicações possíveis

Mesmo com o tratamento adequado, algumas complicações podem ocorrer, especialmente em casos de trauma grave ou redução tardia:

  • Necrose avascular da cabeça do fêmur (quando o osso perde irrigação e se deteriora com o tempo);
  • Artrite pós-traumática, por desgaste da cartilagem;
  • Instabilidade ou recidiva da luxação;
  • Lesões nervosas, principalmente do nervo ciático.

Por isso, o acompanhamento com o ortopedista é fundamental mesmo após a melhora dos sintomas.

Retorno às atividades

O retorno às atividades do dia a dia deve ser gradual e sempre supervisionado.

Pacientes que realizam esforços físicos intensos ou praticam esportes devem passar por avaliação funcional completa antes da liberação, garantindo estabilidade e força muscular adequadas.

Em casos mais leves, o paciente pode voltar às atividades rotineiras entre 8 e 12 semanas. Já o retorno ao esporte costuma ocorrer após 4 a 6 meses, dependendo da resposta individual.

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Conclusão

A luxação do quadril é uma lesão séria, mas com diagnóstico rápido e tratamento adequado, a recuperação completa é possível.

O segredo está em respeitar as etapas do tratamento — desde a redução imediata até a reabilitação guiada — e manter o acompanhamento contínuo com o ortopedista.

Cada caso é único, e o tempo de recuperação varia conforme a gravidade da lesão, idade e condição física do paciente. O mais importante é não subestimar o trauma e procurar ajuda médica o quanto antes.

Inclusive, eu, Dr. Leandro Calil, me coloco à sua disposição para avaliar o seu caso e propor o melhor tratamento possível.

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