A dor na região lateral do quadril é uma queixa frequente em consultórios de ortopedia. Em muitos desses casos, o diagnóstico é de bursite trocantérica, também conhecida como síndrome dolorosa do quadril lateral.
Embora não seja uma condição grave, pode comprometer atividades simples do dia a dia e até mesmo prejudicar a prática esportiva. Por isso, entender o que é, como se manifesta e quais são as opções de tratamento é essencial para recuperar qualidade de vida.
O que é a bursite trocantérica?
O quadril possui bolsas cheias de líquido chamadas bursas, que funcionam como “almofadas” para reduzir o atrito entre ossos, músculos e tendões.
A bursa trocantérica fica localizada ao redor do trocânter maior do fêmur — uma proeminência óssea na lateral do quadril.
Quando essa bursa sofre inflamação, o resultado é a bursite trocantérica. Esse processo inflamatório pode estar associado a sobrecarga, movimentos repetitivos, alterações biomecânicas ou até mesmo quedas.
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Principais sintomas
Os sinais mais comuns incluem:
- Dor na lateral do quadril, que pode irradiar para a coxa ou glúteo;
- Sensibilidade ao toque na região do trocânter;
- Dificuldade para deitar de lado no quadril afetado;
- Dor ao caminhar, subir escadas ou permanecer muito tempo em pé;
- Em casos mais avançados, pode haver limitação de mobilidade.
A intensidade varia: para alguns pacientes, a dor é incômoda, mas suportável; para outros, pode ser incapacitante.
Quem tem mais risco de desenvolver?
A bursite trocantérica pode afetar qualquer pessoa, mas é mais comum em:
- Mulheres, especialmente após os 40 anos;
- Pessoas com sobrepeso;
- Indivíduos que praticam esportes de impacto, como corrida;
- Pacientes com discrepância no comprimento das pernas ou alterações na postura;
- Pessoas que sofreram traumas ou quedas na região do quadril.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado na avaliação médica.
Durante a consulta, o ortopedista examina a região dolorida, realiza testes específicos de mobilidade e pode solicitar exames de imagem para descartar outras condições, como artrose ou lesões musculares.
- Ultrassonografia pode confirmar a inflamação da bursa.
- Ressonância magnética é usada em casos mais complexos, ajudando a diferenciar bursite de outras causas de dor no quadril.
Tratamento: do conservador à intervenção
Na maioria dos casos, a bursite trocantérica responde bem ao tratamento conservador, sem necessidade de cirurgia. As principais medidas incluem:
1. Medicação e repouso relativo
Anti-inflamatórios e analgésicos ajudam a controlar a dor e a inflamação. O repouso deve ser relativo: evitar atividades que pioram os sintomas, mas sem imobilizar totalmente.
2. Fisioterapia
A reabilitação é peça-chave. A fisioterapia busca:
- fortalecer músculos do quadril e glúteo;
- corrigir desequilíbrios posturais;
- melhorar a flexibilidade;
- reduzir o atrito sobre a bursa.
3. Infiltrações
Em casos persistentes, pode ser indicada a infiltração com corticoide diretamente na bursa inflamada. Essa técnica costuma trazer alívio rápido e duradouro da dor.
4. Mudanças de hábitos
Controle do peso, ajuste no tipo de exercício físico e atenção à postura ajudam a prevenir recidivas.
5. Cirurgia
A intervenção cirúrgica é reservada para casos excepcionais, em que todas as medidas anteriores falharam. Nesses casos, o procedimento pode incluir a retirada da bursa inflamada (bursectomia) por via minimamente invasiva.
Reabilitação e prognóstico
O tratamento conservador, associado a fisioterapia bem conduzida, apresenta altas taxas de sucesso. Na maioria dos pacientes, é possível retomar atividades do dia a dia e esportivas em poucas semanas, desde que haja adesão às orientações médicas.
A reabilitação não deve focar apenas no alívio da dor, mas também em corrigir os fatores que levaram à inflamação, garantindo resultados duradouros.
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Conclusão
Em poucas palavras, a bursite trocantérica é uma condição comum, mas que pode impactar significativamente a qualidade de vida. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado fazem toda a diferença para controlar os sintomas e evitar limitações.
Com medicação, fisioterapia, eventuais infiltrações e mudanças de hábitos, a grande maioria dos pacientes melhora sem necessidade de cirurgia. Nos casos raros em que a intervenção é indicada, a cirurgia costuma ter bons resultados.
O mais importante é buscar avaliação médica assim que a dor surgir, para definir a melhor conduta e garantir o retorno rápido às atividades. Inclusive, eu, Dr. Leandro Calil, me coloco à disposição para avaliar o seu caso e propor o melhor tratamento possível.