A lesão de menisco é extremamente comum e atinge desde atletas até pessoas que sofreram uma torção banal no dia a dia.
Apesar de a cirurgia ser relativamente rápida e feita por via artroscópica, a recuperação exige atenção, paciência e um processo estruturado.
Meu objetivo neste artigo é esclarecer, de forma objetiva, como funciona cada etapa do pós-operatório e o que realmente determina um retorno seguro às atividades.
Por que o menisco exige cuidados após a cirurgia?
O menisco atua como amortecedor e estabilizador da articulação. Quando lesionado, pode gerar dor, sensação de travamento, dificuldade para estender o joelho e limitação para esforços.
A cirurgia pode ser de dois tipos: retirada da parte lesionada (meniscectomia parcial) ou sutura meniscal, quando é preservado e reparado o tecido.
Essa diferença é fundamental porque impacta diretamente no ritmo da reabilitação. Reparos meniscais evoluem mais lentamente, enquanto a meniscectomia permite recuperação mais rápida.
Independentemente da técnica, é a fisioterapia — e não apenas o tempo — que define a qualidade do resultado final. O pós-operatório não é um período passivo; é um processo ativo.
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Primeiros dias: controle de dor e retorno da mobilidade
Nas primeiras 48 a 72 horas, o foco é controlar dor, inchaço e evitar rigidez. A perna deve ser mantida elevada sempre que possível, o gelo precisa ser aplicado em ciclos regulares e o paciente deve respeitar as orientações de carga.
Em alguns casos a liberação de apoio é imediata; em outros, especialmente quando é feita a sutura, restringe-se o peso e a flexão para proteger a cicatrização.
A mobilidade inicial também é importante. Dentro do limite de conforto, movimentos suaves de extensão e flexão ajudam a evitar bloqueios articulares. O objetivo desses primeiros dias é manter o joelho funcional, mas protegido.
Primeira semana: retomando movimentos e ativação muscular
A partir do quarto ou quinto dia, entra na fase em que o paciente precisa recuperar amplitude de movimento e ativar musculaturas importantes, especialmente o quadríceps.
É muito comum que esse músculo “desligue” após a cirurgia, e reativá-lo rapidamente faz enorme diferença no padrão da marcha e na estabilidade.
Exercícios isométricos, elevação de perna estendida e mobilidade controlada fazem parte do início da fisioterapia. Nada deve ser apressado, mas também não pode existir passividade. A progressão deve ser constante e supervisionada.
Duas a quatro semanas: melhora da marcha e força inicial
Entre a segunda e a quarta semana, o paciente normalmente apresenta menos dor e mais confiança. Essa fase marca um ponto de virada importante: é quando se trabalha para normalizar a marcha, ampliar o arco de movimento e iniciar exercícios funcionais leves.
Atividades como bicicleta ergométrica com baixa resistência, mini-agachamentos bem controlados e exercícios de fortalecimento de glúteos e quadril ajudam a devolver estabilidade ao joelho.
Propriocepção inicial (trabalho de equilíbrio) também passa a fazer parte da rotina. O objetivo aqui não é desempenho, e sim controle. Tudo precisa ser feito com técnica precisa.
Quatro a oito semanas: recuperação da força e estabilidade
Com a dor mais controlada e a marcha praticamente normalizada, o paciente entra na fase em que o fortalecimento ganha protagonismo. A evolução deve ser gradual, sempre acompanhando a resposta do joelho.
É o momento de ampliar progressivamente a exigência muscular e avançar no equilíbrio. Exercícios unilaterais, agachamentos mais completos e movimentos que simulam atividades do dia a dia entram na rotina.
Nessa etapa, muitos pacientes já conseguem realizar suas atividades cotidianas com conforto, ainda que esportes e impactos sigam proibidos para proteger o menisco reparado ou permitir adaptação completa após a meniscectomia.
Retorno ao esporte: quando realmente é seguro
O retorno ao esporte é uma das dúvidas mais frequentes, e a resposta depende diretamente do tipo de cirurgia realizada.
Após uma meniscectomia parcial, a liberação costuma acontecer entre seis e oito semanas, desde que o paciente apresente força adequada, amplitude total e ausência de dor.
Já após uma sutura meniscal, o retorno é mais demorado, variando de três a cinco meses, porque o tecido precisa cicatrizar em ambiente protegido.
Antes de liberar atividades esportivas, é avaliado sempre quatro pontos: simetria de força entre os membros, amplitude completa ausência de derrame articular e desempenho adequado em testes funcionais específicos.
Pular essas etapas aumenta significativamente o risco de nova lesão.
Fatores que influenciam a recuperação
Cada paciente tem um ritmo próprio de recuperação, influenciado por fatores como idade, condicionamento físico, tipo de lesão, técnica cirúrgica, presença de outras alterações no joelho e consistência na fisioterapia.
Pacientes ativos, com boa força de quadríceps e glúteos antes da cirurgia, geralmente evoluem melhor.
Outro ponto essencial é o peso corporal. Excesso de peso aumenta a carga sobre o joelho operado e atrasa a recuperação. Pequenas mudanças de hábito ao longo do processo fazem diferença significativa.
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Cuidados fundamentais durante o pós-operatório
O melhor resultado pós-cirúrgico nasce da combinação entre técnica cirúrgica adequada e reabilitação bem conduzida. Alguns cuidados são determinantes:
- Respeitar o tempo do corpo. A pressa é inimiga da cicatrização e pode comprometer o reparo.
- Manter regularidade na fisioterapia. Interrupções prejudicam a evolução e atrasam a recuperação.
- Fortalecer quadríceps e glúteos de forma progressiva. São os principais estabilizadores da articulação.
- Evitar impactos e torções até liberação médica. Mesmo que a dor tenha diminuído, o tecido ainda está se adaptando.
Quando procurar avaliação novamente
Alguns sinais exigem retorno imediato ao consultório: dor que aumenta com o passar das semanas, inchaço persistente, sensação de bloqueio ou travamento, dificuldade de estender totalmente o joelho ou qualquer sintomas de infecção.
O acompanhamento próximo permite ajustes na reabilitação e evita complicações.
Conclusão
Recuperar-se de uma cirurgia de menisco exige constância, paciência e orientação adequada. Quando respeitamos cada etapa, o joelho responde com estabilidade, força e mobilidade.
A maioria dos pacientes retorna plenamente às suas atividades — inclusive esportivas — desde que siga um plano estruturado e progressivo.
A cirurgia corrige o problema, mas é a reabilitação que devolve o movimento. E quando paciente, médico e fisioterapia trabalham juntos, os resultados são excelentes.
E se você quiser saber mais sobre a recuperação após a cirurgia do menisco do joelho, entre em contato comigo, Dr. Leandro Calil. Terei um imenso prazer em avaliar o seu caso e propor o melhor tratamento possível.

