Muitos pacientes têm os joelhos “tortos” em varo (joelho para fora) ou valgo (joelho para dentro) sendo que esse desvio de eixo pode causar problemas e dor no quadril, joelho e tornozelo.
A osteotomia “corte no osso” ‘pode ser feito no joelho e no quadril e envolve a remoção ou adição de um segmento ósseo para realinhar o osso, especialmente em pacientes jovens e ativos que desejam retornar a níveis elevados de atividade física ou para correção de quadro de artrose no joelho ou displasia do quadril.
A reabilitação esportiva pós-osteotomia é um processo crucial para a recuperação de atletas que passaram por essa intervenção cirúrgica, muitas vezes necessária para corrigir deformidades ósseas ou tratar condições degenerativas, como a osteoartrite.
Estudos mostram que a taxa de retorno ao esporte ou atividade físicas após uma osteotomia pode ser alta, variando entre 70% a 87% dos pacientes.
Neste artigo vou mostrar o que é a osteotomia, como é feito esse procedimento e como funciona a reabilitação esportiva pós-cirurgia. Boa leitura!
O que é a osteotomia?
A osteotomia é um procedimento cirúrgico que envolve a remoção, adição ou corte de um segmento ósseo, com o objetivo de realinhar os ossos e corrigir deformidades ou desbalanços biomecânicos.
Este tipo de cirurgia é frequentemente utilizado em articulações como o joelho e o quadril, especialmente em casos de deformidades congênitas, lesões traumáticas ou doenças degenerativas como a osteoartrite.
Essa pode ser uma alternativa eficaz para pacientes jovens e ativos, oferecendo uma solução que preserva a articulação natural, diferentemente de procedimentos como a artroplastia total, que envolve a substituição completa da articulação.
Tipos de osteotomia
Existem diferentes tipos de osteotomia, sendo as mais comuns a osteotomia tibial alta, usada para realinhar o joelho em casos de osteoartrite medial, e a osteotomia femoral distal, indicada para correções no fêmur.
O procedimento pode ajudar a redistribuir o peso sobre a articulação afetada, aliviar a dor e melhorar a função, permitindo ao paciente manter um nível elevado de atividade física e retardando a necessidade de uma substituição articular total.
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Como é realizado esse procedimento?
O procedimento começa com uma incisão na pele sobre a área afetada, seguida de uma cuidadosa exposição do osso a ser realinhado.
Utilizando instrumentos cirúrgicos específicos, o cirurgião faz cortes precisos no osso para remover ou adicionar segmentos, ou para alterar o seu ângulo, de modo a corrigir a deformidade existente.
Em muitos casos, são utilizados enxertos ósseos ou implantes metálicos, como placas e parafusos, para estabilizar o osso na nova posição até que a cicatrização seja completa.
Após a osteotomia, o osso cortado começa a cicatrizar, processo que pode levar de semanas a meses, dependendo da complexidade do procedimento e da capacidade de cura do paciente.
Durante este período, o paciente geralmente utiliza dispositivos de suporte, como muletas, para evitar colocar peso excessivo na área operada.
O sucesso do procedimento depende de uma combinação de fatores, incluindo a precisão da cirurgia, a adesão do paciente ao programa de reabilitação, e a ausência de complicações, como infecção ou falha na cicatrização óssea.
Como funciona a reabilitação pós-osteotomia?
A reabilitação é dividida em várias fases, cada uma com objetivos específicos que visam restaurar a função da articulação, fortalecer os músculos ao redor e preparar o paciente para retomar suas atividades esportivas.
Ela deve ser cuidadosamente monitorada e personalizada, levando em consideração o tipo de osteotomia realizada, a condição física prévia do paciente e os objetivos esportivos que ele deseja alcançar. Abaixo mostro as principais etapas.
Fisioterapia
A fisioterapia é a primeira etapa da reabilitação e começa logo após a cirurgia, geralmente dentro dos primeiros dias. O objetivo inicial é reduzir a dor e o inchaço, além de restaurar a mobilidade articular de forma gradual.
Exercícios passivos, como a mobilização da articulação por um fisioterapeuta, são combinados com atividades ativas leves para evitar a rigidez.
À medida que a cicatrização avança, a fisioterapia se intensifica, incorporando exercícios de amplitude de movimento e atividades que estimulam o controle neuromuscular, essenciais para a recuperação funcional da articulação.
Fortalecimento muscular
Com a progressão da reabilitação, o foco se desloca para o fortalecimento muscular. Este é um componente crucial, pois músculos fortes ao redor da articulação operada ajudam a estabilizar a área e a suportar o estresse físico, reduzindo o risco de novas lesões.
Os exercícios de fortalecimento começam de forma leve, com atividades isométricas e de baixa carga, e gradualmente evoluem para exercícios mais desafiadores, como resistências progressivas e treinamento funcional.
A meta é restaurar a força muscular a níveis iguais ou superiores aos pré-cirúrgicos, permitindo ao paciente realizar atividades esportivas com segurança.
Retorno gradual ao esporte
O retorno ao esporte é a última fase da reabilitação e deve ser realizado de forma gradual e controlada. Inicialmente, o paciente participa de atividades de baixo impacto, como caminhadas e ciclismo leve, que ajudam a restaurar a confiança e a capacidade física.
À medida que a força e a estabilidade melhoram, são introduzidos exercícios específicos do esporte, como agachamentos, saltos e corridas, com intensidade progressiva.
A reabilitação só é considerada completa quando o paciente consegue realizar suas atividades esportivas em um nível comparável ao de antes da cirurgia, sem dor ou desconforto.
Considerações finais
Conforme vimos neste artigo, a reabilitação pós-osteotomia é um processo complexo e multifásico, que exige a combinação de fisioterapia, fortalecimento muscular e um retorno gradual e supervisionado ao esporte.
Cada etapa é essencial para garantir que o paciente não apenas recupere a funcionalidade da articulação afetada, mas também retome suas atividades físicas de forma segura e eficaz.
O sucesso da reabilitação depende de um programa personalizado que atenda às necessidades individuais do paciente e seja rigorosamente seguido.
Com o devido acompanhamento e dedicação, muitos pacientes conseguem retornar ao nível esportivo desejado, evitando complicações e promovendo uma recuperação completa e duradoura.
E se você quiser saber mais sobre a reabilitação esportiva pós-osteotomia, entre em contato comigo, Dr. Leandro Calil. Terei um imenso prazer em avaliar o seu caso e propor o melhor tratamento possível.