Impacto (conflito) femoro acetabular
O Impacto Femoro Acetabular ou conflito entre a cabeça do fêmur e a borda do acetábulo. Isso ocorre por uma alteração mecânica e anatômica ocasionando uma incongruência articular que ao longo do tempo ou por movimentos repetitivos podem levar a lesões na cartilagem e lábio acetabular, neoformação óssea no fêmur (Cam) e acetábulo (Pincer) e posteriormente artrose no quadril.
Esta doença começou a ser melhor entendida há cerca de 20 anos, e nos últimos 10 anos houve grande melhora no desenvolvimento das técnicas cirúrgicas e materiais usados nas cirurgias.
Existem três tipos de Impacto Femoro Acetabular (IFA):
• CAM ou CAME: É uma alteração com aumento da formação óssea na transição entre a cabeça e o colo do fêmur.
• Pincer: É uma alteração com aumento da formação óssea na borda do acetábulo.
• Misto: É a alteração na borda do acetábulo e colo do fêmur.
EPIDEMIOLOGIA
Mais comum entre a 3ª e 5ª década de vida, mas pode ocorrem em adolescentes e idosos.
Sem distinção entre gêneros e raças, e mais predominantes em atletas.
SINAIS E SINTOMAS
Dor na região do quadril podendo irradiar para a região inguinal, lateral e póstero do quadril.
Com a evolução da doença o paciente pode apresentar alteração da marcha com claudicação, dificuldade para sentar e levantar da cadeira, entrar e sair do carro, e cruzar as pernas. Normalmente ocorre piora dos sintomas com o esforço físico e pratica esportiva.
Ao exame o paciente pode apresentar dor na flexão, adução e rotação interna do quadril (teste irritativo do IFA), dor na região glútea e face lateral da coxa e dor na abdução e rotação externa (teste de FABERE).
EXAMES COMPLEMENTARES
• Radiografias na incidências em: AP, Ducroquet, Cross Table e Perfil de LeQuesne.
• Ressonância Nuclear Magnética: é importante fazer o exame do quadril acometido, e não da bacia. Pode ser feita com ou sem contraste, dependendo da qualidade do aparelho de ressonância, e do conhecimento e experiência do radiologista.
• Tomografia Computadorizada em 3D: não é um exame obrigatório em todos os casos, mas pode ajudar no estudo das deformidade óssea do Cam e Pincer.
TRATAMENTO
Iniciamos o tratamento com reabilitação física (fisioterapia) e postural, e uso da anti-inflamatórios e analgésicos.
Muitos pacientes melhoram completamente dos sintomas nesta fase não sendo indicado o tratamento cirúrgico.
Caso o paciente não melhore é indicado a cirurgia, que pode ser aberta (convencional) ou por vídeo (Artroscopia).
A vídeo – artroscopia do quadril é uma técnica muita bem estabelecida, e desenvolvida, sendo utilizada com muita frequência em todo o mundo, com grande segurança e excelentes resultados, faz parte do rol de indicação e tratamento de patologias na maioria dos países da Europa, Asia, Australia, EUA e América Latina, e no Brasil é regulamentada pela ANVISA e ANS.
A cirurgia por vídeo é menos mórbida e agressiva, proporcionando um acesso melhor ao interior do quadril, sem ter que luxar a articulação (cirurgia convencional). Por esta técnica podemos fazer o tratamento da lesão labial (labrum) com sutura, desbridamento ou reconstrução do lábio, condroplastia ou microfratura nas lesões de cartilagem, e a osteocondroplastia (ressecção e modelamento osteo condral) no Pincer e Cam, entre outras.