A lesão da cartilagem do joelho é uma condição ortopédica que afeta diretamente a qualidade de vida de muitos pacientes, especialmente os mais ativos ou com histórico de traumas articulares.
Embora muitas vezes negligenciada nas fases iniciais, essa lesão pode evoluir para quadros mais graves, como a osteoartrite, se não for tratada adequadamente.
Neste artigo, vou explicar o que é a cartilagem do joelho, por que ela pode se lesionar, quais os sintomas mais comuns, como é feito o diagnóstico e quais são os tratamentos disponíveis atualmente. Boa leitura!
O que é a cartilagem do joelho?
A cartilagem do joelho é um tecido especializado que recobre as extremidades ósseas da articulação – principalmente o fêmur, a tíbia e a patela.
Trata-se de um tecido avascular, ou seja, que não possui vasos sanguíneos, e por isso tem uma capacidade limitada de regeneração.
Sua função principal é permitir o deslizamento suave entre os ossos durante os movimentos articulares, além de absorver choques e distribuir cargas de maneira uniforme, evitando o atrito direto entre as superfícies ósseas.
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O que é uma lesão da cartilagem do joelho?
A lesão da cartilagem do joelho ocorre quando há um dano nesse tecido cartilaginoso, podendo variar desde pequenas fissuras até perdas significativas da cartilagem.
Esse tipo de lesão é classificado de acordo com sua profundidade e extensão, sendo que em alguns casos pode atingir até o osso subcondral (tecido abaixo da cartilagem).
Diferente de lesões ligamentares ou musculares, a lesão da cartilagem não costuma cicatrizar espontaneamente, o que a torna um desafio clínico importante para o ortopedista e para o paciente.
Como acontece a lesão da cartilagem do joelho?
A lesão da cartilagem pode acontecer por diversos fatores. Os principais são:
1. Traumas agudos
Quedas, entorses, pancadas diretas no joelho ou lesões esportivas podem provocar danos na cartilagem, especialmente em pacientes mais jovens e ativos.
Essas lesões são frequentemente localizadas e associadas a outros traumas, como rupturas de ligamentos ou fraturas.
2. Microtraumas de repetição
Movimentos repetitivos e sobrecarga na articulação, comuns em atletas ou profissionais que exigem muito dos joelhos, podem gerar desgaste progressivo da cartilagem, resultando em lesões degenerativas ao longo do tempo.
3. Desequilíbrios biomecânicos
Maus alinhamentos dos membros inferiores (joelho valgo ou varo), instabilidade ligamentar ou alterações na marcha também podem gerar pressão anormal em determinadas regiões da cartilagem, favorecendo seu desgaste precoce.
4. Fatores genéticos e metabólicos
Condições genéticas, doenças reumatológicas, excesso de peso e alterações hormonais podem interferir na integridade da cartilagem, acelerando seu processo de degeneração.
Quais os sintomas de uma lesão da cartilagem do joelho?
Os sintomas variam conforme a gravidade da lesão. Em estágios iniciais, o paciente pode não apresentar dor intensa, o que dificulta o diagnóstico precoce. À medida que a lesão evolui, os sintomas mais comuns são:
- Dor localizada no joelho, principalmente durante ou após atividades físicas;
- Inchaço e sensação de rigidez na articulação;
- Estalos ou crepitações ao movimentar o joelho;
- Sensação de bloqueio articular (o joelho “trava”);
- Diminuição da amplitude de movimento;
- Fraqueza ou instabilidade durante a marcha.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da lesão da cartilagem do joelho é feito por meio de avaliação clínica e exames de imagem. O ortopedista realizará uma anamnese detalhada, investigando o histórico do paciente, atividades realizadas, presença de traumas e sintomas associados.
Exames utilizados:
- Ressonância magnética: principal exame para identificar lesões condrais (na cartilagem), pois permite visualizar com clareza as estruturas articulares.
- Radiografia: útil para avaliar o alinhamento do joelho e descartar alterações ósseas mais avançadas, como a artrose.
- Artroscopia diagnóstica: em casos mais complexos, o procedimento pode ser indicado para visualização direta da cartilagem dentro da articulação.
Quais são os tipos de lesão da cartilagem?
As lesões condrais podem ser classificadas segundo o sistema de Outerbridge, que define o grau de comprometimento da cartilagem:
- Grau I: amolecimento do tecido condral.
- Grau II: fissuras superficiais com menos de 50% da espessura da cartilagem.
- Grau III: fissuras profundas com mais de 50% da espessura.
- Grau IV: lesão total com exposição do osso subcondral.
Qual o tratamento para a lesão da cartilagem do joelho?
O tratamento depende da gravidade da lesão, da idade do paciente, do nível de atividade física e da presença de comorbidades.
Tratamentos conservadores
Nos casos leves ou iniciais, o tratamento conservador pode ser eficaz:
- Fisioterapia para fortalecimento muscular e reequilíbrio biomecânico;
- Controle de peso corporal;
- Medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos;
- Suplementos condroprotetores (como colágeno tipo II, glicosamina e condroitina);
- Viscossuplementação (injeções intra-articulares de ácido hialurônico).
Tratamentos cirúrgicos
Para lesões mais avançadas ou que não respondem ao tratamento clínico, pode-se indicar cirurgia:
- Debridamento artroscópico: limpeza da área lesionada.
- Microfraturas: estimula a regeneração da cartilagem por meio de perfurações no osso subcondral.
- Transplante osteocondral (OATS): retira-se um fragmento de cartilagem saudável de outra região para substituir a área lesionada.
- Implante de condrócitos autólogos (ACI): técnica mais moderna que utiliza células da própria cartilagem cultivadas em laboratório.
A importância do diagnóstico precoce
Quanto mais cedo a lesão da cartilagem do joelho for identificada, maiores são as chances de sucesso no tratamento. Lesões pequenas e localizadas têm melhor prognóstico e podem ser controladas com abordagens menos invasivas.
Ignorar os sintomas e postergar a avaliação médica pode resultar em degeneração progressiva da articulação e limitação funcional significativa no futuro.
Como prevenir a lesão da cartilagem do joelho?
A prevenção é sempre a melhor escolha. Algumas medidas simples podem fazer diferença, como:
- Praticar atividades físicas com orientação adequada;
- Evitar sobrecarga repetitiva em esportes de impacto;
- Manter o peso corporal saudável;
- Corrigir desequilíbrios posturais e biomecânicos;
- Investir em calçados apropriados e exercícios de fortalecimento muscular.
Conclusão
Como podemos ver, a lesão da cartilagem do joelho é uma condição que merece atenção e cuidado especializado.
Mas com diagnóstico precoce, tratamento individualizado e acompanhamento médico, é possível controlar os sintomas, preservar a função articular e evitar complicações a longo prazo.
Se você sente dores recorrentes no joelho, estalos ou dificuldade para se movimentar, procure um ortopedista especializado em joelho para uma avaliação completa. Inclusive eu, Dr. Leandro Calil, me coloco à sua disposição.