A osteotomia do joelho é um procedimento cirúrgico utilizado para corrigir desalinhamentos articulares, aliviando dores e retardando o avanço de condições como a osteoartrite.
Essa técnica tem ganhado destaque como uma alternativa eficaz para tratar casos em que o desgaste da articulação compromete a qualidade de vida dos pacientes.
Neste artigo, vou explicar de forma clara o que é a osteotomia do joelho, os seus tipos, indicações, benefícios, e como é o processo de recuperação. Boa leitura!
O que é a osteotomia do joelho?
Essa é uma cirurgia ortopédica que envolve o corte e o realinhamento de ossos da perna – normalmente o fêmur ou a tíbia – para alterar a distribuição do peso sobre o joelho.
O objetivo desse procedimento é aliviar a pressão sobre áreas específicas da articulação, muitas vezes afetadas pela osteoartrite ou outros tipos de lesões degenerativas.
O realinhamento redistribui a carga, transferindo o peso para a parte saudável do joelho, permitindo que a cartilagem restante seja preservada.
Essa técnica é especialmente útil em pacientes jovens ou ativos que sofrem com desgaste articular, mas que ainda não são candidatos ideais para uma substituição total do joelho (artroplastia). A osteotomia pode retardar a necessidade de uma prótese por vários anos.
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Quais são os tipos de osteotomia do joelho?
Existem dois tipos principais de osteotomia, que variam de acordo com o local onde a correção será realizada:
- Osteotomia de Tíbia Alta (OTA): é a mais comum, realizada na parte superior da tíbia (osso da canela). Nela, o ortopedista faz um corte na tíbia para corrigir a inclinação do joelho, geralmente em casos de joelho varo (quando a perna forma um “arco” para fora, sobrecarregando a parte interna do joelho;
- Osteotomia Femoral Distal: neste tipo de osteotomia, a correção é feita no fêmur (osso da coxa). Ela é mais indicada para pacientes com joelho valgo (quando a perna se inclina para dentro, causando sobrecarga na parte externa do joelho).
O ortopedista irá escolher o tipo de osteotomia baseado no alinhamento da perna do paciente e na localização do desgaste articular.
Quando a osteotomia é indicada?
A osteotomia é indicada principalmente para pessoas que apresentam osteoartrite em estágio inicial ou moderado, onde apenas um lado da articulação do joelho está danificado.
Ela pode ser a melhor opção para pacientes que:
- Sofrem de dores significativas no joelho que não são aliviadas por tratamentos conservadores, como medicamentos, fisioterapia ou infiltrações;
- Têm joelhos desalinhados (varo ou valgo), causando sobrecarga em uma parte específica da articulação;
- Desejam manter um estilo de vida ativo e adiar uma substituição total do joelho;
- São relativamente jovens (geralmente entre 40 e 60 anos), ativos e com boa saúde geral, pois o sucesso da osteotomia depende do processo de cicatrização óssea e da capacidade de reabilitação pós-cirúrgica.
Como é o procedimento cirúrgico?
O procedimento é geralmente realizado sob anestesia geral ou raquidiana, com o paciente sedado. A técnica exata pode variar, mas o processo básico envolve os seguintes passos:
- Incisão e corte ósseo: o cirurgião faz uma incisão na área do joelho e realiza um corte controlado no osso (tíbia ou fêmur), criando uma “fratura controlada”;
- Realinhamento: o osso é então realinhado de acordo com a necessidade de correção do joelho do paciente. Pode ser feita uma abertura no osso (osteotomia de abertura) ou o fechamento de uma parte do osso (osteotomia de fechamento);
- Fixação: após o realinhamento, o osso é fixado com placas, parafusos ou enxertos ósseos, que ajudam a estabilizar a área enquanto ocorre a cicatrização. Esses dispositivos internos garantem que o osso permaneça na nova posição durante a recuperação;
- Fechamento e sutura: a incisão é fechada e o paciente é encaminhado para a recuperação.
A duração do procedimento é de aproximadamente duas horas, e a internação hospitalar pode variar de um a três dias, dependendo da complexidade do caso.
Quais são os riscos e benefícios da osteotomia do joelho?
Como qualquer cirurgia, a osteotomia do joelho apresenta alguns riscos, mas também traz benefícios importantes. A seguir, estão os principais pontos a considerar.
Riscos:
- Infecção: embora raro, há o risco de infecção no local da incisão ou no osso;
- Complicações com a fixação: as placas e parafusos utilizados podem se deslocar ou causar irritação, necessitando de uma nova cirurgia;
- Trombose venosa profunda: pacientes em recuperação cirúrgica estão em risco de desenvolver coágulos sanguíneos, especialmente se não seguirem corretamente as orientações de mobilidade precoce;
- Dificuldades de cicatrização óssea: em alguns casos, o osso pode demorar para cicatrizar ou não cicatrizar adequadamente, exigindo intervenções adicionais.
Benefícios:
- Alívio da dor: a principal vantagem é o alívio significativo da dor articular em pacientes com osteoartrite;
- Adiar ou evitar a substituição total do joelho: a osteotomia pode adiar a necessidade de uma prótese de joelho, especialmente em pacientes jovens e ativos;
- Melhora na qualidade de vida: a correção do alinhamento articular permite ao paciente retornar a atividades físicas moderadas, melhorando a mobilidade e o conforto;
- Preservação da cartilagem saudável: ao transferir o peso para a área saudável do joelho, a osteotomia preserva a cartilagem remanescente, retardando o progresso da degeneração articular.
Como é o processo de recuperação?
A recuperação pode levar de três a seis meses, e envolve um comprometimento significativo do paciente com fisioterapia e cuidados pós-operatórios.
Nos primeiros dias após a cirurgia, o paciente pode precisar usar muletas para evitar colocar peso sobre o joelho operado. O uso de órteses também pode ser indicado para garantir estabilidade.
A fisioterapia também começa logo após a cirurgia para promover a mobilidade, fortalecer os músculos ao redor do joelho e recuperar a amplitude de movimento. A adesão ao plano de fisioterapia é fundamental para o sucesso da recuperação.
O ortopedista acompanhará a cicatrização óssea por meio de exames de imagem e consultas regulares para garantir que o alinhamento seja mantido.
Em alguns casos, pacientes podem retornar a atividades esportivas de baixo impacto após cerca de seis meses, mas atividades de alto impacto devem ser evitadas para proteger a articulação e os ossos realinhados.
Considerações finais
Como podemos ver, a osteotomia do joelho é uma solução eficaz para pacientes com dores articulares significativas devido ao desalinhamento ou desgaste localizado do joelho.
Embora o procedimento exija um período de recuperação prolongado, os benefícios em termos de alívio da dor e melhora da mobilidade tornam essa uma opção atraente para pacientes jovens e ativos.
Portanto, se você estiver enfrentando dores no joelho e deseja uma solução que preserve a funcionalidade da articulação, consulte um ortopedista para avaliar se a osteotomia é a opção ideal para o seu caso.
Inclusive, eu Dr. Leandro Calil, sou ortopedista, especialista em Osteotomia do Joelho, e terei um imenso prazer em avaliar o seu caso para saber se esse é o melhor procedimento.